Há uma cidade feita de lembrança
onde o tempo suspenso te rodeia
e o rio da memória enfim descansa
disperso em manchas d’água pela areia.
A roda alegre dos meninos dança
e a luz pequenos bichos encandeia.
Uma palmeira acende a verde trança
e o tempo para: é sempre lua cheia.
Choveu. Formigas de asas no ar. Atracam
as canoas nas ruas misteriosas
que vão morrer no largo da matriz.
E nos campos sem fim os bois estacam.
Olha. A mão do vaqueiro colhe rosas
e leite. Ainda és menina. És tão feliz!
Odilon Costa, filho
Poema da série "Arca da Aliança"
Publicado em CANTIGA INCOMPLETA
Rio de Janeiro: José Olympio, 1971