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15.1.16

OBSTÁCULO EM DESATINO




Eita meu rio Poty amado
Soube cá do outro lado
Pelas ondas do Joel
Que andas desembestado
Feito jumento sem mãe

Não te cabes mais no leito
Perdeste a calma e o jeito
Põe-se tudo a devorar

Cabeça de Cuia anda apavorado
Com medo de se afogar
Na conversão dos vinténs
Parnaíba deságua de vez em ti
E não tarda

Eras isto o que querias
Na vez de uma veia louca
De artérias entupidas
Correr sem prumo em descida

Quero ver de novo tua floresta de pedras
Milenares, eu quero
Tua vadiagem na Curva São Paulo
Esquecestes de ser os dengos dos manguezais
Das encostas e das Ilhotas já perdidas

Água tua agora sim
Cabelo não há de ter
Deixastes que aterrassem as lagoas
A teu descanso
O Rogério Newton me contou

Ai meu rio Poty amado
Não mais prenuncias o cheiro dos cajus
De Fátima e dos Noivos
És um obstáculo para os shoppings da city
Agora um river out side
E a culpa é tua, só tua…



Acilino Madeira
em Portugal, 06 de maio de 2009

23.11.15

INTIMIDADE INQUIETANTE


para os adoradores do finado Nós & Elis


Um dia a flor que lamentava a perda do encanto
Secara em vida e seiva
Antes da estreia de um Outono
Que se ouvira falar

Sei do Inverno quando me sinto triste
Na frieza da alma úmida
Em veste que não protege
Bogarins despetalados

Antes do Verão esnobe e pabo
A Primavera pôs-se a consolar
A mesma flor sedenta de resgate
Com promessas de cores firmes
E cheiros renovados.

Tudo imaginação
Em minha aldeia
Não vingam as quatro estações

Só a utopia e a felicidade
Estampada no rosto de Alice
Ou talvez de Nicinha
Em tempos de carnavais.



Acilino Madeira
em Porto/Portugal, 18.09.09
via blogue do artista plástico Amaral
http://setcuia.zip.net/arch2010-02-14_2010-02-20.html