Mostrando postagens com marcador av. barão de gurguéia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador av. barão de gurguéia. Mostrar todas as postagens

7.11.16

CIDADE PACATA, Nathan Sousa


ao poeta Paulo Machado


Não há galos para despertar
as manhãs escaldantes de Teresina,
mas há fumaça e buzina na Barão de Gurguéia,
com carros tirando fino
no vendedor de pamonhas.
Pamonha de milho,
doce ou salgada,
para o desjejum - grita
o vendedor.
Às quinze horas
Antonio do Quebra Queixo
bate a mala de madeira
(insistindo em tornar a vida doce)
com a masca de fumo na boca.
No bar do Chico,
Gladstone Sucupira pede uma moeda
para jogar na máquina caça-níquel,
dois cigarros Derby
e a caixa fósforo
(emprestada)
disparando
um de seus delírios
ao me avisar que Eric Clapton
trocou sua guitarra
por um saco de mangas de fiapo,
roubadas em Timon.
Willamy France, o Pinto,
faz um olhar espantado
e me pergunta:
como assim, totalmente?
À noitinha, o mesmo
vendedor de pamonhas
tornar a passar
depois de um dia inteiro
tirando fino
na morte.



Nathan Sousa
em O PERCURSO DAS HORAS
Edição Independente, 2012

5.11.13

A TABULETA É UM BAIRRO PESADO, Rodrigo M Leite


durante o dia
feéricas ondas de calor
misturadas com areia e saudade
envelhecem acontecimentos presentes
torrão chapado no corisco!
acabaram com teu engarrafante torto balão
teu centro reformaram reto, encruzilhante
porto das miragens litorâneas
que brotam do asfalto meio-dia
avenida barão de gurguéia com br três quatro três
à noite
junto dos gestos precários
homens sem sombras
partes da clandestina escuridão
são destruídos pelos peso das grandes scanias
que rompem para timon
carregadas de sal
adiante zona sub esquina da mapil
garotas esqueléticas formas
comedoras de brasa cuspidoras de fogo!
atiçam corações feridos de aço e sucata
esmagados pelo esquecimento


Rodrigo M Leite
em A Cidade Frita
Teresina: 2013 (versão atualizada)