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7.11.16

CIDADE PACATA, Nathan Sousa


ao poeta Paulo Machado


Não há galos para despertar
as manhãs escaldantes de Teresina,
mas há fumaça e buzina na Barão de Gurguéia,
com carros tirando fino
no vendedor de pamonhas.
Pamonha de milho,
doce ou salgada,
para o desjejum - grita
o vendedor.
Às quinze horas
Antonio do Quebra Queixo
bate a mala de madeira
(insistindo em tornar a vida doce)
com a masca de fumo na boca.
No bar do Chico,
Gladstone Sucupira pede uma moeda
para jogar na máquina caça-níquel,
dois cigarros Derby
e a caixa fósforo
(emprestada)
disparando
um de seus delírios
ao me avisar que Eric Clapton
trocou sua guitarra
por um saco de mangas de fiapo,
roubadas em Timon.
Willamy France, o Pinto,
faz um olhar espantado
e me pergunta:
como assim, totalmente?
À noitinha, o mesmo
vendedor de pamonhas
tornar a passar
depois de um dia inteiro
tirando fino
na morte.



Nathan Sousa
em O PERCURSO DAS HORAS
Edição Independente, 2012