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20.7.15
DOMINGO DO RIO
O rio technicolor
aos domingos (todos os domingos
de sol na Coroa).
Moças vermelho
coxas branquinhas
homens cinzentos
meninos azuis.
Depois da missa, purificada,
a cidade descia para o rio
e docemente sonhava com o pecado
nas areias de veludo da Coroa.
E um domingo, no fundo da canoa,
perdida, entre a verde canarana,
o menino viu o sexo conjugado
(o rio, o domingo, o espanto).
Álvaro Pacheco
Teresina, maio de 1965
em MARGEM RIO MUNDO
Artenova: Rio de Janeiro, 1965
19.10.13
JOANA
Josué esmaga a Frei Serafim. Num certo trecho observa um aglomerado de jovens bebendo - calças de fundo folgados, carrões, cocotas. Relembra o seu tempo de rapaz - roupas de segunda mão, subempregos, fome. Odeio esses filhinhos-de-papai, sangue-sugas. Quantos crimes praticados sob o efeito das drogas!
Josué procura limpar a vista, olha para o alto. O céu ainda azul de Teresina evoca-lhe Joana. Cabelos negros a escorrerem, longos, sobre os ombros sensuais, os olhos azuis a contrastarem com a tez morena do rosto delicado, portador de um nariz afilado, uma boca pequena, um queixo redondo.
Joana não resistiu. O corpo moreno, de pernas roliças, entrou num carango "enfezado". O riquinho deitou e rolou com a menina nas areias do Poty - eu me caso com você. Depois, satisfeita a tara, os olhos esbugalhados - então você pensou em casamento, gatinha? Logo comigo? A putinha sabe de quem sou filho? Ah, chorando? Será por causa do cabaço? Pra que pobre com cabaço, gatinha? Hahaaaaaa...
Aí "garotão" caminhou para Joana, o canivete de ouro em punho. Joana gritou, berrou, urrou, o medo no rosto lindo, o sangue escorrendo como o rio.
Numa banda de jornais Josué vê uma manchete garrafal: ASSASSINARAM JOVEM NA CALADA DA NOITE...
- Já indeterminaram o sujeito... Cumpriram o primeiro passo da estratégia da impunidade. O próximo passou: arranjar um bode expiatório. Quem sabe eu?
A noiva assassinada - ninguém acreditaria no testemunho do rio - sente vontade de esbofetar aqueles ricos todos, um a um, mas de que adiantaria, as coisas mudariam? Resolve parar de pensar - a certeza de Joana enterrada - e sai caminhando na avenida, as mãos fora dos bolsos.
Um automóvel, alto-falante em cima, passa anunciando um rivengo.
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3.11.11
VIR VER OU VIR, por Torquato Neto
a coroa do rio poti em teresina lá no piauí. areia palmeiras de babaçu e
céu e água e muito longe, depois, um caso de amor um casal uns e outros.
procuro para todos os lados - localizo e reconheço , meu chicote na mão e
os outros: a hora da novela o terror da vermelha
o problema sem solução a quadratura do círculo o demônio a águia o núme-
ro do mistério dos elementos os quintais a minha terra é a minha vida!
o faroesteiro da cidade verde
estás doido, então? (sousândrade)
ela me vê e corre, praça joão luís ferreira
esfaqueada num jardim
estudante encontrado morto
ando pelas ruas tudo de repente é novo para mim. a grama. o meu caso de
amor, que persigo, êsses meninos me matam na praça do liceu. conversa com
gilberto gil
e recomeço a
vir ver ou
aqui onde herondina faz o show
na estação da estrada de ferro teresina-são luís um dia de manhã
ali
onde etim é sangrado
TRISTERESINA
uma porta aberta semiaberta penumbra retratos e retoques
eis tudo. observei longamente, entrei saí e novamente eu volto enquanto
saio, uma vez feriado de morte e me salvei
o primeiro filme - todos cantam sua terra
também vou cantar a minha
VIAGEM/LINGUA/VIALINGUAGEM
um documento secreto
enquanto a feiticeira não me vê
e eu pareço um louco pela rua e um dia eu encontrei um cara muito legal
que eu me amarrei e nós ficamos muito amigos eu o via o dia inteiro e a
poucos conheci tão bem.
VER
e deu-se que um dia eu o matei, por merecimento.
sou um homem desesperado andando à margem do rio parnaíba.
BOIJARDIM DA NOITE
êste jardim é guardado pelo barão. um comercial da pitu, hommage, à sa-
úde de luiz otávio.
o médioc e o monstro. hospital getúlio vargas. morte no jardim. paulo josé, meu primo, estudante de comunicação em brasília, morre segurando bravamente seu rolling stone da semana
sol a pino e conceição.
VIR
correndo sol a pino pela avenida
T E R E S I N A
zona tórrida musa advir
uma ponta de filme - calças amarelas
quarto número seis sete cidades
Torquato Neto
em Gramma, nº 2
Teresina, 1972
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