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3.12.15

a cidade frita é um alucinógeno, Lucas Rolim


[procurando um bar na frei serafim]

o calor de 1000fps derrete a cidade em super slow motion
a liquidez dos pedestres e do dia evapora diante de pupilas detonadas

as retinas absorvem delírios litúrgicos no compor das multidões
a balburdia dos pés pavimenta a bad trip dos passantes

os pombos engolem a luz e espalham-na pelos picos das cabeças:
regurgitam quarenta e 1 graus de insolações nas epidermes secas

nos olhos, o ruminar da lisergia induzida pela sensação térmica
cria imagens psicodélicas que se perfazem na dança solar

a expansão dos ossos colapsa a estrutura das marquises
calçadas desenham o efeito do calor ao longo do corpo
e homens-camaleão deslizam pela sombra no horário de almoço

o dia ácido amplifica as alucinações dos estudantes
no torpor dos malabares, dos carros e dos mendigos
*A Cidade Frita: livreto do poeta Rodrigo M Leite
Poema enviado pelo autor

guia estético/sensível dos enredos da cidade




no tremular da palavra
se traduz a visão da

                                     tarde

o descaso desenha o som dos homens
na perturbação das poças de esgoto

a madrugada chuvosa constrói
espelhos e neles é presa a cidade
pintada em líquidos, visão e sons

o futuro especulado nas nuvens

o teste projetivo compulsório
na sombra da parada de

                                    ônibus

o homens famintos gargalhando
as últimas calorias do corpo em
resistência ao silêncio-caos do

                                    luto

e carburando seguem na tarde
soletrando as últimas réstias do dia...

                                    {
                                    no coração
                                    da praça pedro ii
                                    pulsam macramês
                                    polimórficos



Lucas Rolin
enviado pelo autor

1854, mercado central são josé




as vielas tomadas pelos negociantes
berram suas cores sujas na sombra do grande galpão

há uma inquietante majestosidade na estrutura antiga;
os olhares não pousam, mas a vida punge no abandono

o cheiro do artesanato em couro e dos peixes à venda,
eternos na mente do menino comprando banquinhos com o pai

as paredes e as colunas jogadas no esquecimento
denunciam um século e meio da memória da cidade

no silêncio de seu olhar, o menino se pergunta
quantos universos cabem lá dentro:

mercado central são josé,
o mercado velho de teresina...



Lucas Rolin
enviado pelo autor

1.12.15

ENTREGRADES




na rua dos pássaros
um canarinho amarelo
me chamou de canto
e falou:

"eles não sabem, mas
eu sou claustrofóbico"



Lucas Rolin
enviado pelo autor