Mostrando postagens com marcador mocambinho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mocambinho. Mostrar todas as postagens

2.4.16

DO TEMPO DO NÓS E ELIS, Ico Almendra


Sou do tempo do Nós e Elis
Com tanta música e pureza
Do tempo em que o Raízes ficava
Na antiga avenida Fortaleza
De quando para se aprender acordes
Se olhava para a mão esquerda do Geraldo
A cidade era realmente verde
Mas sempre teve o Blues do Edvaldo
De músicos tão raros
Como André Luiz e Zezinho Piau
Roraima, Boy e Jabuti
E outros tantos etc. e tal
Das gincanas do Colégio Andreas
Feitas perto do fim do ano
E das acirradas disputas
Contra o Colégio Diocesano
Quando o prédio mais alto que havia
Era o do Ministério da Fazenda
E as crianças ainda acreditavam
Que Cabeça de Cuia era mais que uma lenda
De quando a gente ainda conseguia
Andar pelos calçadões do centro
E todos os bares da cidade
Ficavam abertos noite adentro
Do tempo do Festival Setembro Rock
Em pleno Centro de Artesanato
Dos santos do Mestre Dezinho
Das obras de Mestre Nonato
Ainda me lembro que numa sala do Royal
Vi, pela primeira vez, Brigitte Bardot
Pois no outro cinema, o Rex
Só passava filme pornô
À tarde, no bar do Seu Cornélio
Que tinha o melhor pão de queijo
Vendo as meninas passarem
Sorrindo e mandando beijo
No Sorvetão ou no Elefantinho
Sorvete ruim não havia lá
Araticum e Bacurí
Sapoti ou Maracujá
Do tempo em que Luiz Correia
Só duas praia tinha então
E até a de Atalaia
A gente chamava de Amarração
A outra era do Coqueiro
Praia tranquila, de mais encanto
De bares com o Alô Brasil
E a casa do Gerson Castelo Branco
Se tem algo que permaneceu
Agora como era antes
Foi o calor do B-R-O Bró
E suas temperaturas escaldantes
Do Parnaíba à ladeira do Uruguai
Do Mocambinho ao Saci
A cidade ainda era pequena
Era fácil andar por aqui
Eu sei, se passaram os anos
Pois sou do tempo do Nós e Elis
Mas, com certeza, não me engano
Naquele tempo eu era feliz


Ico Almendra 
em 11 de outubro 2008
via Portal do Sertão | Fundação Nogueira Tapety

9.12.15

FESTIVAL DE MÚSICA DA CHAPADA DO CORISCO - CHAPADÃO




Em 1995, eu Aurélio Melo e Henrique Costandrade tomavamos umas cervejas em um bar restaurante localizado perto da Praça do Liceu, se não me engano Bar e Restaurante Cearense. Naquele ano existia um Centro Integrado de Arte-Ciarte/Centro, Da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, coordenado pelo ator Fábio Costa e o humorista Dirceu Andrade, este sim, em frente a Praça do Liceu. Era um Centro vivo com atividades de literatura, música, dança, teatro, artes plásticas e cinema.

Eu era diretor do Departamento de Arte da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Aurélio era o coordenador de música e Henrique o coordenador do Caminhão da Cultural, um dos mais arrojados programas da Fundação, que era presidida por Dona Eugenia Ferraz. O Caminhão era equipado com som, luz, palco e uma equipe de seis pessoas, servindo a inúmeras associações de moradores, grupos culturais e artísticos, e às atividades da própria instituição, levando música, dança, teatro e cultura popular a diversos bairros de Teresina.

Estávamos exatamente vindo de uma atividade do Caminhão e paramos naquele bar para uma refrescada. Cerveja vai, cerveja vem surgiu a ideia de realização de um festival de música permanente para Teresina, no entanto, um festival que fosse diferente de tantos outros festivais já realizados na capital. A discussão rolou acalorada, e a cerveja, também, mais gelada.

Como diretor da Fundação comprei a ideia na hora. O festival seria realizado com uma nova dinâmica: seriam quatro eliminatórias realizadas nos bairros de Teresina, com a final no centro da cidade; O jurado seria o mesmo para as quatro eliminatórias, e o festival seria realizado com o apoio da associações de moradores e artistas dos bairros visitados. A categorias concorrentes seriam amador e profissional, com premiações distintas. Tudo acertado, precisávamos de um nome, algo impactante que aliasse identidade cultural e que fosse bom de marketing. Veio o veredicto final - Festival de Música da Chapada do Corisco e, como já estávamos chapados de cerveja, veio o subtitulo, chapadão. Assim nasceu o Festival de Música da Chapada do Corisco-Chapadão.

Para viabilização econômica do projeto contávamos com o bom transito de Henrique junto ao então secretario de finanças da Prefeitura de Teresina, Dr. Firmino Filho, por sinal, hoje prefeito da capital. Foi batata. Lançado o edital do festival a área musical de Teresina abraçou a ideia de uma forma surpreendente. Grandes músicos e compositores, cantoras e cantores piauienses participaram do Chapadão, que teve sua primeira edição em maio/junho de 1995.

Bairros como Mocambinho, Dirceu Arcoverde, Parque Piauí, Bela Vista, Piçarreira, Ininga e tantos outros receberam  o evento com festa em praça pública ou nos ginásios poliesportivos. Lembro de nomes consagrados de nossa música que participaram ou foram descobertos pelo Chapadão, como Rubinho Figueredo, Marlon Rodnei, Ostiga Junior, Paulo Utti, André de Sousa, Frank Farias; com shows nos intervalos de Gabi, Terra Francisco, Ensaio Vocal, Miriam Eduardo e tantos outros.

Passados mais de dezoito anos o Chapadão mudou de formato, foi muito modificado, mas ainda continua um grande festival e bastante significativo para a descoberta de talentos na área musical. Neste ano de 2012, eu, Aurélio e Henrique recebemos, no final de sua 18º Edição, realizada no Teatro de Arena de Teresina, uma placa comemorativa pela criação do evento, entregue pelo Presidente da Fundação, o músico e advogado Marcelo Leonardo e pela coordenadora de música, a cantora Luciana. Temos orgulho de algumas coisas na vida. Ter participado da criação do  Chapadão é uma delas.



Ací Campelo,
23 de dezembro de 2012
via blogue do autor