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18.3.20

Totó Barbosa: Sítese biográfica, por Osnir Veríssimo


Totó Barbosa por Paulo Gutemberg

Antônio Barbosa de Miranda Totó nasceu no ano de 1919 na cidade de Teresina (PI), na mesma casa em que mora até hoje, filho de Raimundo Barbosa Miranda e Luíza Barbosa Miranda. Iniciou sua carreira profissional aos 16 anos. Começou como assistente no Foto Brasil e Foto Osael de onde se tornou conhecido por retratar Teresina em diversos aspectos sejam no lado social ou a evolução da cidade. Especializou-se em Fotografia de Estúdio e cobertura de Eventos Sociais da cidade. A primeira sede de seu estúdio ficava na antiga Rua da Glória e hoje, a sede própria se localiza na Rua Barroso, 165. Era uma figura muito popular em Teresina, quando músico foi violonista da rádio Difusora nos anos 50, e da rádio clube nos anos 60. Foi também representante do povo, como Vereador na Câmara Municipal, durante 14 anos, em épocas diferentes. Além da Arte fotográfica, dedicou-se à Música, tendo atuado como cantor nas Rádios: Difusora, Clube, Poti e Pioneira de Teresina. Notabilizou-se também como seresteiro em nossa capital. Constituiu família aqui, tendo se casado com Dona Raimunda Paixão Costa de Miranda, com a qual teve oito filhos (Luiza, Andréa, Anselmo, Sarita, Camila, Adelmo, Rebeca e Catarina). Em 2008, foi condecorado com o grau oficial da Ordem Estadual do Mérito Renascença, pelo governador Wellington Dias. Totó recebeu o reconhecimento de sua arte pela cidade de Teresina, através de homenagens prestadas durante o V Salão Municipal de Fotografia.

Osnir Veríssimo

22.7.18

POST CARD - TERESINA, Paulo Machado







POST CARD 57


na praça marechal deodoro
às nove horas falavam
da u d n e do american-can

um louco jaime fazia ponto no cruzamento
da barroso com a senador pacheco sem saber
que há tempos existia a guerra fria

quinta-feira era dia de matar o tempo
na praça pedro segundo enquanto sapos
copulavam nos lajedos do tanque

nas tertúlias do clube dos diários
uma geração embarcava no marasmo
esquecendo tudo mais

nos canteiros da avenida frei serafim
os cupins construíam suas casas
fiando estranha quietude

no bar carnaúba o sol roía o marrom
das tabículas das mesinhas ao passo que
os homens de casimira cinza faziam planos

na paissandu os bêbados
pregavam a subversão
e um bolero esquentava as entranhas da noite

nas calçadas da simplício mendes
um rosto magro madalena deixava brotar
estranhamente um sorriso largo de espera

no mercado central pretas carnudas
vendiam frito de tripa de porco
fígado picado e caninha

no caís do parnaíba piabas
cor de prata saltavam das águas salobras
como no sonho dos meninos



POST CARD 77


na marechal deodoro
às nove horas há velhos com suas memórias
recompondo o tempo

quinta-feira é um qualquer
e na praça pedro segundo a mudança notável
é a da posição da estátua que parece sorrir

no cruzamento da barroso com a senador pacheco
há um sinal que não raro
encrenca desafiando a rotina

não há tertúlias no clube dos diários
as baratas medrosas saem das boca-de-lobo
admiram os caixotes de cerveja empilhados e fogem

nos canteiros da avenida frei serafim
putas acenam com gestos medidos
a fome é mais forte que o medo

não há bar carnaúba mas os homens
de casimira cinza continuam fazendo planos
cogitando não aceitando irreverências

a paissandu agoniza
os bêbados já não falam tanto
e a frieza da noite venceu o calor dos boleros

madalena morreu de câncer
e nas calçadas da simplício mendes
não há nada que lembre a sua presença

no mercado central negrinhos descarnados
catam laranjas e limões podres
em plena manhã de maio

o parnaíba continua lavando as almas pagãs
dos meninos fujões
roendo as pedras do cais com a mesma raiva



Paulo Machado
em Post Card