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18.3.21

Estranha Formosura, por Chico Castro, Ronaldo Bringel & Roraima




Estou cheio de ternura 
Meu coração de poesia
Vai andando pelas ruas
Um pé na solidão
Outro na literatura

Estou grávido de aventura
Quero o silêncio da sala
A majestade da lua
Um olho na razão
Outro na magia pura

Que estranha formosura
Aos caprichos de uma dama
Dei meus votos de candura
E navegamos como plumas muito além
Das escrituras

Meu coração de poesia
Vai andando pelas ruas...


1º lugar na categoria não estudante do Festival Chapadão (2008)
Enviado por Chico Castro

11.11.13

É NOITE




É noite,
como todas as noites
indecifráveis
por onde arrastei
minha sombra sinuosa

(sinuosa
e fragmentada
tal as ruas
e avenidas
de Teresina)

por onde eu temperei
minha carne
nos sais da distância
em idade imprópria
para o adeus.

Esta noite
povoada de silêncio
e de vozes
que se eternizam
como música
doída
não é outra
senão
a mesma noite
que outrora
revelou para sempre
o que na matéria se escondia.

Noite
noite de iluminação amarela
noite sem vultos
noite tão somente noite
hoje
ontem
onde eu estive
sentado na janela
do quarto dos fundos
da casa de minha avó
ou à mesa da cozinha
às 03:30h
debruçado
sobre a barca de Dante.

Esta noite
– esta mesma
e eterna travessia
de minhas retinas
em ruínas –
pode ser apenas a angústia
de um dia antes do raiar do dia

ou um alarido surdo
e indecifrável
como todas as luas
por onde arrastei
minha dor sinuosa

(sinuosa
e fragmentada
tal as ruas
e avenidas
de Teresina).



Nathan Sousa
enviado pelo autor

24.10.13

RUA ABAIXO LUA ACIMA, William Melo Soares




Caso você me siga
rua abaixo
lua acima
percorra toda a cidade
entre becos e esquinas
procure um rastro de estrela
no céu de Teresina

Caso você siga
rio abaixo
lua acima
passe pelo cais do rio
de um vapor que evaporou
pro remanso de outras águas
deixando ondas no peito
do Mano Velho barqueiro

Caso você siga
lua acima
rio abaixo
no movimento das barcas
me envolva num abraço
só não toque no meu manto
de solidão e cansaço



William Melo Soares
em Presença da Literatura Piauiense 
Luiz Romero Lima (org.)
Teresina: 2003

MADRUGADA ADENTRO, William Melo Soares




E você chega assim
desse jeito
abrindo veredas no meu coração

- eu continuo andando nas ruas
com meus passos lentos
madrugada adentro
meu olhar atento
arrastando alguns anos de solidão
Um gole aqui
um gole ali
um poema brilhando no peito
E você chega assim
desse jeito
abrindo
invadindo
acendendo uma chama no meu coração



William Melo Soares
em Anos 70 - Por que essa lâmina nas palavras?
José Pereira Bezerra 
Teresina: 1993

18.9.12

PRIMEIRA FOTOGRAFIA VIVER TERESINA




Tentar compreender este sinal esquecido na vastidão do país.
Povoam-lhe um mundo próprio e professo calor humano.
A uniformidade da cidade, as ruas pequenas,
casas tímidas; seus quarenta graus mostram tenacidade
dessa gente em mudar seu destino.

A natureza proclama as águas do cenozóico rio,
ela pede respeito ao Velho Monge.
Mas, como esquecer a classe medianamente comprometida
com oligárquicas posições?

Cidade que é outro lado também aponta, a vida fácil
e colunável e superfídia,
percebida no volume que auferem algumas rendas
e a massa submersa em carências.

Invadem em rios subterrâneos, luzes que são espírito e ponte,
os artistas da cidade - contemporâneos do mundo:
os pés na história local
e o rosto voltado para o universal.

O povo recolhe sua presença nos fins de semana e
finge não ver suas raízes fincadas ao chão.
Não é possível compreender-lhe a razão: elegem
seus candidatos como quem aguarda redentor.

Teresina, Verde Cidade menina,
teu solo é paixão, dor e terno afeto.
Caminha. A felicidade se esconde aqui,
mas só se mostra quando estamos no exílio.



em O ofício da palavra
Teresina: FCMC, 1996

6.12.11

TER-E-SINA, Francisco Miguel de Moura


Há Roma, Paris e Bagdá
com sonhos que não sei
com céus que me escaparam
pelos pés.
Você conheço de pele
de manha
de manhãs desfeitas
de sol e chuva meio a meio
de ponte anoitecer
de rua e rio e rima.
Só você com seus ares
de mulher que ensina
a vida, o ventre
e o tonel.
Teresina conheço de antros
de antes
Bagdá é um sonho
não vou lá.
Meu sonho em que sonho
de acordo
é você.


Francisco Miguel de Moura
em Presença da literatura piauiense
Organizado por Luiz Romero Lima
Teresina: 2003