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21.3.20
Naquele dia mamãe apareceu mais cedo na escola. Acabara de sair do leito de vovô, no HGV. Não fizemos perguntas, já sabíamos que ele havia partido. Caminhamos abraçados pela Frei Serafim, suando, na cola de um caldo de cana com pastel. Tudo vai ficar bem, ficaremos mais unidos. A gente segurando o choro. Depois do caldo, mamãe comprou uns quadrinhos antigos ao lado dos correios. Ainda hoje comigo aquelas histórias
Rodrigo M Leite, via blogue do autor,
Da série: Estrelas ou Poemas Esquecidos Incrustados no Ferro
20.1.16
SIGLAS POÉTICAS & OUTROS LANCES
APEP - CCEP - LOTEPI?
$ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $... e só!
FDP - H.G.V. - CRP?
Briga... bate/mata... prende.
FAGEP - IAPEP - FAZENDA?
E a renda? Onde é que está a renda?
UFPI - CODIPI - CCNIPE - COHAB?
? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?... e Itaraté II!
PTB - PSD - PC do P?
Quem disse que Paulo César voltará pro Parnaíba?
COBAL - PMT - CBD - FRIPISA?
"E eis a relação dos congelados..."
CEPISA - AGESPISA - TELEPISA e o Bacalhau?
Eternos preços de semana-santa.
PETROBRÁS - OPEP - e IDI AMIM?
Em cartaz: "Em busca de um crioulo doido".
OTEP - DDT - Prece Poderosa?
"Há no ar um estranho perfume que mata".
PIEMTUR - ODD ou OMO?
Prefiro sabão de coco. É muito mais útil...
FUNAI - FEEMA e SUDAM?
"Temos índio a molho-pardo e Juruna grelhado com
batatas fritas".
Bah! Com tanta sigla,
tanta inoperância
e tantos projetos estatísticos
Venâncio do Parque
em VIA CRUCIS - Verso e Prosa
MENINO
Ronaldo era um menino triste:
colecionava figurinhas
e histórias em quadrinhos.
Contava nos dedos magros os dias
da semana, na espera dos sábados.
Quando lia as histórias em quadrinhos,
sonhava com os voos do super-homem.
Ronaldo saiu numa terça-feira, dizem,
à caça de aventuras.
Virou manchete,
andou na boca do povo.
Foi encontrado morto, numa manhã comum,
solitário, no necrotério do HGV.
Raimundo Alves Lima (RAL)
em CANÇÃO PERMANENTE
Edição do autor: Teresina, julho de 1982
3.11.11
VIR VER OU VIR, por Torquato Neto
a coroa do rio poti em teresina lá no piauí. areia palmeiras de babaçu e
céu e água e muito longe, depois, um caso de amor um casal uns e outros.
procuro para todos os lados - localizo e reconheço , meu chicote na mão e
os outros: a hora da novela o terror da vermelha
o problema sem solução a quadratura do círculo o demônio a águia o núme-
ro do mistério dos elementos os quintais a minha terra é a minha vida!
o faroesteiro da cidade verde
estás doido, então? (sousândrade)
ela me vê e corre, praça joão luís ferreira
esfaqueada num jardim
estudante encontrado morto
ando pelas ruas tudo de repente é novo para mim. a grama. o meu caso de
amor, que persigo, êsses meninos me matam na praça do liceu. conversa com
gilberto gil
e recomeço a
vir ver ou
aqui onde herondina faz o show
na estação da estrada de ferro teresina-são luís um dia de manhã
ali
onde etim é sangrado
TRISTERESINA
uma porta aberta semiaberta penumbra retratos e retoques
eis tudo. observei longamente, entrei saí e novamente eu volto enquanto
saio, uma vez feriado de morte e me salvei
o primeiro filme - todos cantam sua terra
também vou cantar a minha
VIAGEM/LINGUA/VIALINGUAGEM
um documento secreto
enquanto a feiticeira não me vê
e eu pareço um louco pela rua e um dia eu encontrei um cara muito legal
que eu me amarrei e nós ficamos muito amigos eu o via o dia inteiro e a
poucos conheci tão bem.
VER
e deu-se que um dia eu o matei, por merecimento.
sou um homem desesperado andando à margem do rio parnaíba.
BOIJARDIM DA NOITE
êste jardim é guardado pelo barão. um comercial da pitu, hommage, à sa-
úde de luiz otávio.
o médioc e o monstro. hospital getúlio vargas. morte no jardim. paulo josé, meu primo, estudante de comunicação em brasília, morre segurando bravamente seu rolling stone da semana
sol a pino e conceição.
VIR
correndo sol a pino pela avenida
T E R E S I N A
zona tórrida musa advir
uma ponta de filme - calças amarelas
quarto número seis sete cidades
Torquato Neto
em Gramma, nº 2
Teresina, 1972
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