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20.1.16

RUA DA PALMEIRINHA, Herculano Moraes


A rua da palmeirinha
perdeu seu nome de origem,
como as outras ruas.

A palmeirinha era símbolo
da rua dos meus meninos.
Dos meninos que se perdiam
pela baixa-do-chicão.

A baixa-da-égua já mudou de nome,
mudou de nome o bairro do barrocão.

O asfalto sepultou os trilhos da rua Bela,
o tempo mudou o nome da rua Estrela.
E num recanto perdido da memória
a lembrança viva da rua Glória.

Um dia mudarão todos os nomes,
e a cidade ficará perdida
procurando suas ruas mortas.


Herculano Moraes
em SECA, ENCHENTE, SOLIDÃO
Editora EMMA: Porto Alegre, 1977

24.10.13

TERESINA, William Melo Soares




Os meninos da lucaia
cedo aprendiam a nadar
quem não engolia piaba
não levava boa sorte
se perdia nos remansos se abraçava com a morte

Os meninos da lucaia, baixa do chicão, cajueiro
eram malinos, afoitos, aventureiros
brincavam de pega-pega
na correnteza do rio
no movimento das águas
heróis errantes
o coração feito de pássaro
voando no horizonte



William Melo Soares
em Congresso das Águas
Teresina, 1998

15.4.12

TRISTEESINA




luzes azuis cal-
                      cinantes
Vermelha
Cajueiros
Buraco da Velha
Baixa do Chicão
Barrocão
bairros da zona sul
       - de minha infância ...
tapete quadriculado
ruas planejadas na
                Chapada do Corisco:
risco vento balão de São João...
ruas de ruas
                        barros
                                     rocas
 caminhos
                    feitos
                                  (des)encontros
meta-
               morfoseados:
                                            tristes
                                                           resina



Marcos Freitas
em Urdidura de sonhos e assombros
Poemas escolhidos (2003 – 2007)
Rio de Janeiro: CBJE, 2010

2.2.12

MOROU (OU TÁ-NA-BOCA), Fontes Ibiapina


(Era o que ele - o tal fantasma dizia à pessoa que com ele se encontrava)


Que seja de nosso conhecimento, trata-se do mais recente fantasma que perambulou pelas ruas da nossa "Cidade-Verde" como disse Coelho Neto - Teresina. É pois, o caçula da nossa prole de duendes de nosso mundo de crendices  e superstições. Surgiu nas eras de 50 (entre 1956 e 1957). Durou pouco tempo. Pastou apenas pelas ruas do bairro Vermelha. Quando muito, ia até os Cajueiros. E só. Apenas  e tão-somente por estes dois subúrbios. Isto se deu quando estava em voga o dito morou!, bem como aquele outro - tá na boca! Então, a tal estória surgiu. Surgiu e ganhou terreno, se bem que haja durado pouco tempo, coisa de dois anos ou menos.

Durou pouco tempo, mas foi gastante comentado o tal Morou (ou Tá-na-Boca).  Comentários e mais comentários apareceram a tal respeito. Conta-se que era um bicho do tamanho mais ou menos de um carneiro grande, cabeludo, semelhante ao Lobisomem. Sempre aparecia, pela madrugada, às pessoas que transitavam, àquelas horas, pela Vermelha - especialmente Baixa do Chicão, rua da Macaúba, setores da Usina. Assombrou muita gente. Pintou o sete e bordou os canecos em suas andanças de assombramentos. Aparecia e avançava para a pessoa e, naquela sua voz rouca, grossa e escabrosa e com muita ênfase, dizia:

- Morou, Tá na boca!

A pessoa corria em disparada, porque o negócio era mesmo feio e escabroso. Aí ele acompanhava a pessoa até as proximidades de casa, repetindo aquele palavreado seu:

- Morou, Tá na boca!
- Morou, Tá na boca!
- Morou, Tá na boca!



Fontes Ibiapina
em 145 anos: Teresina cidade futuro
Teresina: FCMC, 1997

23.12.11

EX-TERESINA




Teresina,
A minha,
Essa não há mais.

A minha
Era uma cidade sem cais
Pois essa atual veio depois
Do desaparecimento da Palha de Arroz

A Teresina
Dos Cajueiros
Do Barrocão
Da Maria Tijubina
Essa não mais se mostra à retina

A da Estrada Nova
Da Baixa do Chicão
A da Usina
Não há mais tal Teresina

A da vitamina do Mundico
Do pastel do Gaúcho
E a do Bar Carnaúba
Do programa do Al Lebre
Da crônica do Carlos Said
Das aulas de A. Tito Filho
Das agências da Saraiva
Do teatro de Santana e Silva
Das raparigas do corso

De tudo que já foi
Resta a cajuína
E uma nova Teresina
Que nunca termina
E constantemente nos ensina
A ter o seu amor como sina



Climério Ferreira
em TERESINA: Um Olhar Poético
Teresina: FCMC, 2010
Organização de Salgado Maranhão